segunda-feira, julho 10, 2006

O primeiro dia começou cedo. Eram umas 9h30 da manhã quando eu acordei, e tinha ficado de acordar o mestre para irmos dar um saltinho até à praia.
Por volta das 10h00 o mestre lá se levantou e ficou espantadíssimo por ter demorado apenas 30 minutos a se levantar (nem quero saber quanto tempo ele costuma demorar). A essa hora já estava eu farto de estar à espera, mas como estava a ler, tb não fazia mal. Mas antes de irmos até à praia, o mestre preparou-me um copo de água (que diz que se deve beber todos os dias um em jejum) bem como uma laranja, para tomarmos o pequeno almoço depois de virmos da praia. E depois deste pequeno aperitivo, lá partimos nós até à praia. Lá fomos nós pelas ruas de Povoação (eu de calções de banho e t-shirt e o mestre de fato-de-treino) até à "praia". E não é o meu espanto que quando chego à "praia" vejo que aquilo tem mais calhaus que areia (a parte da areia preta já sabia, mas aquelas pedras todas...), o que faz um som bastante engraçado. Mas depois de passado o primeiro choque, lá estava eu já com alguma vontade de pôr os pés de molho. O primeiro contacto com a água até nem foi mau, pois não é assim tão fria como estava à espera. Já estava eu com água quase pela cintura (a parte mais difícil) quando vejo o mestre no seu belo fato-de-banho em forma de slips, e a gritar ao entrar dentro de água. Lá ganhei a coragem e mergulhei, nadei um pouco e tal, e passado um bocado já estava cá fora para apanhar um bocadinho de sol. Lá me estendi eu na toalha numa rampa de acesso que tem lá, pois na areia cheia de calhaus não me deitava eu, e o mestre ainda dentro de água. Surpreendeu-ma a capacidade e resistência do mestre, pois esteve imenso tempo dentro de água a nadar, e eu ali de papo para o ar ao sol. Quando ele se decidiu sair da água, já estava eu farto de estar ali sem fazer nada. foi só tempo de secar e irmos até casa para tomarmos o pequeno almoço (já eram umas 12h30). Mas no caminho até casa ele quis me mostrar um pouco da vila. E lá iamos nós, com praticamente todas as pessoas a cumprimentar o meste. Fizémos uma paragem numa peixaria, onde o mestre me deu a provar lapas, que segundo ele diz, os apreciadores comem aquilo crú. Mas eu digo, aquilo é horrível crú, mas talvez cozinhado seja agradável. O meste levou umas quantas para fazer um arroz. Assim que chegámos a casa lá fui eu tomar uma banhoca para tirar o sal do corpo, e depois o belo do pequeno-almoço, pois a fomeca já apertava. O mestre enquanto eu tinha estado a tomar banho, tinha ido de volta à peixaria para trocar as lapas por camarões e peixe (eu achei a troca muito boa). O pequeno almoço foi uma refeição boa, com cereais, chá, queijo, pão (feito por ele). Empanturei-me. Depois desta refeição veio o primeiro momento de trabalho, em que apresentei o trabalho desenvolvido por nós no continente para o Sr. Martin. Ele gostou, mas veio logo com umas críticas em que, mesmo o projeto respeitando as normas dos bombeiros para a via de acesso, ele dizia que iria ser chumbado aqui porque eles nunca deixam que se ente e saia do lote pela mesma via, chamam-lhe becos sem saída (este foi o primeiro dos confrontos), e que a área verde era muito grande e que a câmara não ia tratar por isso tinha ser a expensas do condomínio, e blá, blá, blá. Mas prosseguindo com a explicação, ele queixou-se com a falta de comunicação com o Lourenço, pois nós apresentámos 12 tipologias T3 e o cliente está interessado em tipologias mais T1 e T2, e quem sabe uns lofts. Queixas para aqui, críticas para ali, chegámos a um concenso sobre a nova disposição dos edifícios. mas depois lá veio mais um ponto de colisão de ideias: o estacionamento. Os dois parilhávamos a ideia de ter estacionamento para as habitações por debaixo dos edifícios, ficando o exterior para os escritórios e comércio, mas a questão de o fazer dos dois lados do edifício e fechá-lo com portas de garagem é que já não. Ele insurgiu-se por eu dizer que era esteticamente pouco apelativo, e adiantando que a função está acima da estética. Mas se se conseguir aliar as duas ainda melhor. É por causa disso que ele diz que demora muito tempo a realizar os projectos, pois quer que eles fiquem o melhor e apelativos (mas ele está a enganar quem? Os projectos dele são do mais foleiro que existe e ainda me vem com a conversa de que demora muito tempo porque quer que os projectos aliem a função com uma estética apelativa. Valha-me Deus!!!). A conversa prosseguia e eu já com cara de poucos amigos, e ele a desculpar-se por estar a ser assim, mas queria expôr as suas ideias, e foi quando ele teve uma óptima ideia: "Que tal irmos comer para depois darmos uma voltinha e tempo de vermos o jogo de Portugal?". Eu achei estupendo, pois já estava farto daquela conversa.
E lá fomos nós para a cozinha comer os camarões regados com a bela cerveja açoreana "Especial" (a primeira vez que experimentei), e depois paté e queijo com o pão feito pelo mestre, regado com um vinho muito bom: "Borlido Tinta Roriz 2000 da Estremadura", que deixou aqui o je um bocadinho a bater mal, mas nada de mais. Mais uma vez comi até rebentar...
E lá fomos nós dar uma voltinha pela vila, caminhar ao longo do mar, e foi que encontrámos uns moradores que meteram conversa com o mestre e nos ofereceram umas Especiais. E foi aqui que começou o descalabro... A conversa durou o suficiente que o jogo ia começar, e fomos convidados a ver o jogo no cafézinho. E lá fomos nós. A primeira parte do jogo foi vista nesse café, regada com umas 5 ou 6 especiais e uns tremoços com alho (muito bons). Quando foi o intervalo, já não aguentava muito bem, mas fomos desafiados a ir até outro café do outro lado da vila (uns 200, 300 metros :). Quando ai chegámos foi logo servida uma especial (quem diria) efoi a única que eu bebi na segunda parte, porque deu-me uma quebra tão grande e uma soneira, que pouco vi do jogo :) Sei que perdemos, e lembro-me vagamente dos golos, mas houve alturas que nem dei por nada. Foi uma bebedeira bem grande. O caminho até casa correu bem, sem precalços, e assim que cheguei estiquei-me na minha cama e dormi até às 4h00, porque o mestre me foi acordar. Não foi ser chato... Até foi muito simpático, pois levou-me um caldo de peixe para eu comer, pois já não comia nada desde os camarões das 5 da tarde. Comido o caldinho, toca a virar-me para o outro lado, pois a ressaca era enorme :) e amanhã o sr. martin vai passar por aqui para ver o projecto.

sábado, julho 08, 2006

A primeira experiência...

Esta minha viagem aos Açores foi a minha experiência de vôo. Nunca tinha voado na minha vida, e nada como ir a um dos locais mais bonitos do planeta para fazer essa experiência.
Mas a minha vinda a estas ilhas perdidas no meio do oceano não é mero turismo. Vim em trabalho, mas sem descurar o aspecto de ver as vistas (até há alguns espécimens de alguma qualidade aqui nas ilhas :).
A aventura começou muito antes de levantar vôo. O caminho até ao aeroporto foi cheio de adrenalina. O Lourenço estava mais nervoso do que eu, e de certeza todasas pessoas num raio de 20 a 30 km. Por isso a viagem foi uma velocidade vertiginosa, quando o trânsito nos deixava, pois estava quase impossível circular pela cidade àquela hora. O nervosismo fazia-o, como normal numa pessoa nervosa, implicar com tudo e com todos e querer fazer as coisas o mais depressa possível, pois o relógio jogava contra nós, pois os aviões não esperam pelas pessoas.
Chegado ao aeroporto (finalmente com os pés no chão e a são e salvo), fui numa busca pelos passos e caminhos a seguir. O check-in foi simples, e a passagem pelos detectores e raios-x também, tudo sem espinhas. Por isso sobrou-me tempo para beber um café e apreciar a envolvente, e isso fez-me pagar 1.30€ por um cafézito que até não era nada de especial. A hora do embarque aproximava-se vertiginosamente, por isso uma última viagem até aos lavabos para o avião ir mais leve. E lá fui eu todo lampeiro para fazer o embarque, e entrar num autocarro cheio de gente que me ia guiar para a aeronave. Essa viagem nunca mais acabava, o avião estava longe para caraças. A aeronave, um Airbus A310-300 da Sata Internacional parecia muito pequeno de forma a fazer pensar como ia entrar aquela gente toda.
Lá entrei no avião, e logo veio a primeira desilusão: mas isto são mais comissários de bordo do que hospedeiras!!!! Eram apenas 3, e só duas delas é que escapavam, e davam para entreter a vista ao longo da viagem. Lá me sentei, depois de andar à procura do lugar, e perceber a foram como eram marcados, num lugar perto da janela mas junto à coxia com vista sobre a asa, que me veio a impossibilitar visualizar a paisagem de forma decente. A hora do vôo aproximava-se, e nós ali a ouvir o avião a fazer barulhos estranhos, o comandante a falar num inglês mais estranho que o do Mourinho, e que acredito que os muitos estrangeiros presentes percebiam melhor o português que aquele inglês, e as luzes a apagarem de vez em quando, presumindo qualquer coisa, e eu aqui a pensar que podia fazer parte dos procedimentos de preparação do vôo, mas...
Foi então que veio a grande notícia: "Srs. passageiros, o vôo encontra-se atrasado devido a uns problemas técnicos que tentaremos resolver o mais depressa possível".
Eu aqui que nunca tinha voado, e até estava bastante calmo, fiquei bastante apreensivo e com a ideia de que tinha logo de ser no meu primeiro vôo... Consegui manter a calma, enquanto crescia o nervosismo óbvio em todo o avião. E ao fim de uma hora depois do previsto para a descolagem, lá recebemos a notícia que tudo estava resolvido e que iamos partir.
Quando o avião arrancou foi estranho, e com a visão sobre a asa, ao ver aquilo a abanar tudo, pensei para commigo: "As asas abanam assim tanto. Era suposto?". Enquanto me vinham à mente estas ideias, o avião faz uma rápida aceleração e lá seguimos nós pela pista fora a ganhar velocidade para a descolagem, e aquela sensação é bestial. Uma impressão no estômago engraçada, e lá vamos nós no ar. Só foi pena mesmo não dar para ver a cidade pela janela, pois aquela asa tapava-me quase toda a visão. O avião estabiliza e "pin", apaga-se a luz dos cintos de segurança, e logo saltam dos lugares várias pessoas em direcção das casas-de-banho, que não tive a oportunidade de experimentar, mas fica para outra vez.
Durante o vôo lá soou a voz do nosso comandante pelos altofalantes, a dizer que iam servir uma refeição leve e um café. Fiquei contente, pois já tinha alguma larica. E lá veio a comidinha, com uma sandes com menos de um palmo do dia anterior, de fiambre e mayonese com cenoura, e uma bebida à escolha. A sandes até não era má mesmo sendo do dia anterior. passado um bocadinho lá passaram as hospedeiras (ainda bem que do meu lado eram as duas hospedeiras de melhor qualidade que estavam, que sempre dava para distrair) com café ou chá. E lá bebi um café de saco com um sabor horrível.
Com isto tudo as duas horas de vôo passaram num instante. O comandante avisa que iamos iniciar com os procedimentos de descida no seu belo inglês e passado um pouco começa-se a vislumbrar as ilhas (um bocadinho pequenino no meu ponto de vista). E o que me deu para ver, foi muito bonito. Fazemos um vôo de aproximação à pista a uma altitude baixa, que dá para vislumbrar as belas paisagens da ilha, e quando menos se espera, já estamos a bater com as rodas na pista (algo que me desiludiu um pouco pois aquela pancada forte assemelha-se à passagem num buraco da estrada) e aquela redução de velocidade para pararmos é cheia de adrenalina. E ao contrário de Lisboa, em que andámos às voltas dentro do avião para chegar à pista, aqui no aeroporto João Paulo II, em São Miguel, o avião trava, faz uma curvinha, e já estamos prontos para sair. E o mais surreal, paramos quase em frente do cais de desembarque, por isso vamos a pé até ao local onde vamos buscar as bagagens. E ai juntam-se todas as pessoas e é a confusão onde todos querem encontrar as suas malas, mas elas vão saindo a um ritmo lento, e ao fim de uns 10 minutos lá vem a minha malinha, e sigo em direcção da saída a pensar que o Mestre já estava farto de estar à minha espera. Saio, mas o Mestre nada. Aproveito para fazer as chamadas da praxe a dizer que estava tudo bem, e dizer ao Lourenço que o Mestre não tinha chegado ainda. Passado um bocado ele liga de volta a dizer que ele estava um bocado atrasado, uns 20 a 0 minutos. Por isso ali fiquei quase sozinho naquele aeroporto à espera do Mestre.
Meia hora depois, lá aparece ele despreocupadíssimo, e a dizer que tinha estado a limpar a casa e tinha acabado por adormecer, e que pedia muitas desculpas pelo atraso, mas foi quando eu lhe disse que o vôo se tinha atrasado uma hora que ele se saiu com uma pérola: "Antes teres tu esperado meia hora que eu uma hora!". Mas o que vem a ser isto, aqui um gajo preocupado pois, coitado do mestre já devia estar farto de estar à espera, e ele não está lá, chega atrasado e ainda se sai com uma destas...
Mas de resto tudo bem. Lá partimos nós em procura de um sítio onde comer, mas devido ao adiantar da hora, já perto das 22h15, o único sítio que ele se lembrou foi de ir ao shopping em Ponta Delgada. Até ai tudo bem, até ele se ter lembrado que precisava de fazer umas compras que se tinha esquecido, por isso em vez de irmos comer fomos para o supermercado, onde ele demorava mais tempo a escolher as coisas que queria comprar que eu sei lá. E pelos altofalantes do super fui ouvindo uma espécie de contagem decrescente para o fecho, não só da loja como de todo o centro, 30 min, 15 min, 5 min... e já estavam os empregados a fechar as arcas frigoríficas, ainda me andava o belo do mestre à procura de coisas. Mas o melhor foi depois... Já passavam 15 minutos da hora do fecho quando nos despachamos, e não que o senhor ainda queria ver se comia uma sopa nos restaurantes do shopping. Mesmo com avisos da minha parte, o meste iniciou este peregrinação à Nss. Sra. da Asneira, comigo a vê-lo a uma certa distância. Claro que não é preciso dizer que não conseguiu atingir o seu objectivo, pois o caminho encontrava-se vedado. E eu com uma vontade enorme de rir...
com esse objectivo furado, lá fomos nós em busca de um sítio onde comer, e parámos num barzinho muito simpático em Vila Chã, onde comemos umas bifanas e bebemos umas imperiais para enganar a fome, que neste momento também já não era muita.
Depois de baterias recarregadas, lá iniciámos o nosso caminho até Povoação...
A estrada é lindíssima, mas a terra fica longe para caraças da civilização. É na boa uns 30 a 45 minutos de viagem, em que a maior parte do percurso é pelas serras da ilha. As estradas ladeadas por hostências é lindíssimo, foi pena a viagem ter sido feita de noite que não deu para apreciar muito bem a paisagem, mas fiquei maravilhado na mesma. E ao fim de subidas e descidas ao longo da serra, chegamos à tão esperada vila da Povoação. Uma terrinha muito pequenina à beira-mar plantada, e bem encravada num vale. Há-de vir o dia em que vou conhecer melhor esta vila, mas agora é tempo de ir até casa, desfazer as malas e deitar, pois o dia foi longo e agitado, pois já passa da 1h00 da manhã no continente, e a esta hora já costumo estar na caminha. Nem dei hipótese ao mestre para nada. Foi chegar e deitar que já se faz tarde...