sábado, julho 08, 2006

A primeira experiência...

Esta minha viagem aos Açores foi a minha experiência de vôo. Nunca tinha voado na minha vida, e nada como ir a um dos locais mais bonitos do planeta para fazer essa experiência.
Mas a minha vinda a estas ilhas perdidas no meio do oceano não é mero turismo. Vim em trabalho, mas sem descurar o aspecto de ver as vistas (até há alguns espécimens de alguma qualidade aqui nas ilhas :).
A aventura começou muito antes de levantar vôo. O caminho até ao aeroporto foi cheio de adrenalina. O Lourenço estava mais nervoso do que eu, e de certeza todasas pessoas num raio de 20 a 30 km. Por isso a viagem foi uma velocidade vertiginosa, quando o trânsito nos deixava, pois estava quase impossível circular pela cidade àquela hora. O nervosismo fazia-o, como normal numa pessoa nervosa, implicar com tudo e com todos e querer fazer as coisas o mais depressa possível, pois o relógio jogava contra nós, pois os aviões não esperam pelas pessoas.
Chegado ao aeroporto (finalmente com os pés no chão e a são e salvo), fui numa busca pelos passos e caminhos a seguir. O check-in foi simples, e a passagem pelos detectores e raios-x também, tudo sem espinhas. Por isso sobrou-me tempo para beber um café e apreciar a envolvente, e isso fez-me pagar 1.30€ por um cafézito que até não era nada de especial. A hora do embarque aproximava-se vertiginosamente, por isso uma última viagem até aos lavabos para o avião ir mais leve. E lá fui eu todo lampeiro para fazer o embarque, e entrar num autocarro cheio de gente que me ia guiar para a aeronave. Essa viagem nunca mais acabava, o avião estava longe para caraças. A aeronave, um Airbus A310-300 da Sata Internacional parecia muito pequeno de forma a fazer pensar como ia entrar aquela gente toda.
Lá entrei no avião, e logo veio a primeira desilusão: mas isto são mais comissários de bordo do que hospedeiras!!!! Eram apenas 3, e só duas delas é que escapavam, e davam para entreter a vista ao longo da viagem. Lá me sentei, depois de andar à procura do lugar, e perceber a foram como eram marcados, num lugar perto da janela mas junto à coxia com vista sobre a asa, que me veio a impossibilitar visualizar a paisagem de forma decente. A hora do vôo aproximava-se, e nós ali a ouvir o avião a fazer barulhos estranhos, o comandante a falar num inglês mais estranho que o do Mourinho, e que acredito que os muitos estrangeiros presentes percebiam melhor o português que aquele inglês, e as luzes a apagarem de vez em quando, presumindo qualquer coisa, e eu aqui a pensar que podia fazer parte dos procedimentos de preparação do vôo, mas...
Foi então que veio a grande notícia: "Srs. passageiros, o vôo encontra-se atrasado devido a uns problemas técnicos que tentaremos resolver o mais depressa possível".
Eu aqui que nunca tinha voado, e até estava bastante calmo, fiquei bastante apreensivo e com a ideia de que tinha logo de ser no meu primeiro vôo... Consegui manter a calma, enquanto crescia o nervosismo óbvio em todo o avião. E ao fim de uma hora depois do previsto para a descolagem, lá recebemos a notícia que tudo estava resolvido e que iamos partir.
Quando o avião arrancou foi estranho, e com a visão sobre a asa, ao ver aquilo a abanar tudo, pensei para commigo: "As asas abanam assim tanto. Era suposto?". Enquanto me vinham à mente estas ideias, o avião faz uma rápida aceleração e lá seguimos nós pela pista fora a ganhar velocidade para a descolagem, e aquela sensação é bestial. Uma impressão no estômago engraçada, e lá vamos nós no ar. Só foi pena mesmo não dar para ver a cidade pela janela, pois aquela asa tapava-me quase toda a visão. O avião estabiliza e "pin", apaga-se a luz dos cintos de segurança, e logo saltam dos lugares várias pessoas em direcção das casas-de-banho, que não tive a oportunidade de experimentar, mas fica para outra vez.
Durante o vôo lá soou a voz do nosso comandante pelos altofalantes, a dizer que iam servir uma refeição leve e um café. Fiquei contente, pois já tinha alguma larica. E lá veio a comidinha, com uma sandes com menos de um palmo do dia anterior, de fiambre e mayonese com cenoura, e uma bebida à escolha. A sandes até não era má mesmo sendo do dia anterior. passado um bocadinho lá passaram as hospedeiras (ainda bem que do meu lado eram as duas hospedeiras de melhor qualidade que estavam, que sempre dava para distrair) com café ou chá. E lá bebi um café de saco com um sabor horrível.
Com isto tudo as duas horas de vôo passaram num instante. O comandante avisa que iamos iniciar com os procedimentos de descida no seu belo inglês e passado um pouco começa-se a vislumbrar as ilhas (um bocadinho pequenino no meu ponto de vista). E o que me deu para ver, foi muito bonito. Fazemos um vôo de aproximação à pista a uma altitude baixa, que dá para vislumbrar as belas paisagens da ilha, e quando menos se espera, já estamos a bater com as rodas na pista (algo que me desiludiu um pouco pois aquela pancada forte assemelha-se à passagem num buraco da estrada) e aquela redução de velocidade para pararmos é cheia de adrenalina. E ao contrário de Lisboa, em que andámos às voltas dentro do avião para chegar à pista, aqui no aeroporto João Paulo II, em São Miguel, o avião trava, faz uma curvinha, e já estamos prontos para sair. E o mais surreal, paramos quase em frente do cais de desembarque, por isso vamos a pé até ao local onde vamos buscar as bagagens. E ai juntam-se todas as pessoas e é a confusão onde todos querem encontrar as suas malas, mas elas vão saindo a um ritmo lento, e ao fim de uns 10 minutos lá vem a minha malinha, e sigo em direcção da saída a pensar que o Mestre já estava farto de estar à minha espera. Saio, mas o Mestre nada. Aproveito para fazer as chamadas da praxe a dizer que estava tudo bem, e dizer ao Lourenço que o Mestre não tinha chegado ainda. Passado um bocado ele liga de volta a dizer que ele estava um bocado atrasado, uns 20 a 0 minutos. Por isso ali fiquei quase sozinho naquele aeroporto à espera do Mestre.
Meia hora depois, lá aparece ele despreocupadíssimo, e a dizer que tinha estado a limpar a casa e tinha acabado por adormecer, e que pedia muitas desculpas pelo atraso, mas foi quando eu lhe disse que o vôo se tinha atrasado uma hora que ele se saiu com uma pérola: "Antes teres tu esperado meia hora que eu uma hora!". Mas o que vem a ser isto, aqui um gajo preocupado pois, coitado do mestre já devia estar farto de estar à espera, e ele não está lá, chega atrasado e ainda se sai com uma destas...
Mas de resto tudo bem. Lá partimos nós em procura de um sítio onde comer, mas devido ao adiantar da hora, já perto das 22h15, o único sítio que ele se lembrou foi de ir ao shopping em Ponta Delgada. Até ai tudo bem, até ele se ter lembrado que precisava de fazer umas compras que se tinha esquecido, por isso em vez de irmos comer fomos para o supermercado, onde ele demorava mais tempo a escolher as coisas que queria comprar que eu sei lá. E pelos altofalantes do super fui ouvindo uma espécie de contagem decrescente para o fecho, não só da loja como de todo o centro, 30 min, 15 min, 5 min... e já estavam os empregados a fechar as arcas frigoríficas, ainda me andava o belo do mestre à procura de coisas. Mas o melhor foi depois... Já passavam 15 minutos da hora do fecho quando nos despachamos, e não que o senhor ainda queria ver se comia uma sopa nos restaurantes do shopping. Mesmo com avisos da minha parte, o meste iniciou este peregrinação à Nss. Sra. da Asneira, comigo a vê-lo a uma certa distância. Claro que não é preciso dizer que não conseguiu atingir o seu objectivo, pois o caminho encontrava-se vedado. E eu com uma vontade enorme de rir...
com esse objectivo furado, lá fomos nós em busca de um sítio onde comer, e parámos num barzinho muito simpático em Vila Chã, onde comemos umas bifanas e bebemos umas imperiais para enganar a fome, que neste momento também já não era muita.
Depois de baterias recarregadas, lá iniciámos o nosso caminho até Povoação...
A estrada é lindíssima, mas a terra fica longe para caraças da civilização. É na boa uns 30 a 45 minutos de viagem, em que a maior parte do percurso é pelas serras da ilha. As estradas ladeadas por hostências é lindíssimo, foi pena a viagem ter sido feita de noite que não deu para apreciar muito bem a paisagem, mas fiquei maravilhado na mesma. E ao fim de subidas e descidas ao longo da serra, chegamos à tão esperada vila da Povoação. Uma terrinha muito pequenina à beira-mar plantada, e bem encravada num vale. Há-de vir o dia em que vou conhecer melhor esta vila, mas agora é tempo de ir até casa, desfazer as malas e deitar, pois o dia foi longo e agitado, pois já passa da 1h00 da manhã no continente, e a esta hora já costumo estar na caminha. Nem dei hipótese ao mestre para nada. Foi chegar e deitar que já se faz tarde...

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